Não demorou muito para que eu perdesse a noção
de tempo em meio ao vazio negro que logo me dominará, só tinha certeza de que
muito tempo já correra de mim, pois por mais que não soubesse se era “dia” ou
“noite”, o cansaço vinha e, em momentos periódicos, eu, literalmente, apagava,
envolvido pelo frio abraço do intangível, que levava-me adiante sem que eu
pudesse impedir. Assim, vagarosamente, o tempo foi escorrendo de mim, o tédio e
a carência aumentando e a sensação de autossuficiência me irritando. Sentia
falta de sentir fome, sede, necessidade de respirar... Enfim, viver. O tempo
não me furtara apenas sentimentos, mas, também, levava de mim meu antigo
físico, todavia, não de modo ruim.
Eu cresci muito durante todo esse tempo, já
não parecia mais a lagartixa com asas que todo filhote de dragão parece, agora
eu estava mais encorpado meu pescoço crescera, engrossara e tornara-se mais
sinuoso, formando um “s”, os músculos das minhas pernas desenvolveram-se,
porém, não muito, já que não tinha como eu exercitá-los. Mas, de fato, a
mudança mais notória estavam em minhas asas, calda, face e costas. Minhas asas
tornaram-se quase três vezes o tamanho do meu corpo e ficaram muito poderosas,
devido ao continuo exercício de “voar”. Minha calda, que me servia como um leme
durante o trajeto, ficara, também, musculosa e poderosa, a crava cristalina
também crescera e, do meio dela, diversas pontas afiadas brotavam. Meus chifres
cresceram e começaram a se escamar, tornando-se mais mortais, os traços da
minha face ficaram mais robustos, explicitando meu gênero, masculino e, partindo da espícula de entre
dos meus olhos até a mais próxima da clava, em minha calda, que já começaram a
cair, os pelos tornaram-se mais brandos, finos e acinzentados.
Darky, como eu apelidei o “espírito” que vivia
dentro de mim, já não me atormentava desde que desisti de tentar me matar,
parecia estar em um sono profundo, apesar de eu suspeitar de que era ele quem
provocava aquela sensação de autossuficiência.
E o tempo escorria, vagarosamente.
Então cheguei a uma estrela, na verdade, três,
uma principal e outras duas a orbitando. O calor delas inundavam seu campo
gravitacional e muito além. Cerca de três planetas eram visíveis daquele ponto
em que me encontrava. Um deles chamou-me a atenção, pois um brilho fraco
brotava dele, como se ele tivesse sua própria estrela interna. Sem mais
esperar, dirigi-me a ele, curioso e, de certo modo, esperançoso, em poder,
talvez, dar fim a essa viagem a esmo.
O planeta, que era o último dos três que meu
campo de visão alcançava, era, àquela distância, extremamente belo, pelo que se
era possível discernir por entre o estridente brilho do planeta e das nebulosas
que ofuscavam a paisagem abaixo delas. Porções soberanas d’água separavam
porções, também imensas, de terra e, nesta, em alguns pontos mais isolados,
grandes porções de verde intenso destacavam-se da única coisa que empobrecia
aquela paisagem, um cinza opaco, frio e monótono que cobria a maior porção
terrosa do planeta.
A primeira vista estranhei, não nego. Nunca,
na natureza, eu tinha visto tanto cinza no mesmo lugar, nem sequer nos nossos
vilarejos, na antiga Drungsdom, formados por rocha bruta, era quase impossível
tanta rocha, na superfície, agrupada e em tamanha quantidade, aponto dee
formar aquele borrão.
Aproximava-me cada vez mais e cada vez mais
era possível discernir os detalhes dele. O borrão cinza logo tornara-se uma
massa desinforme de complexas construções, se comparadas às rústicas
construções de Drungsdom; edifícios altos arranhavam a atmosfera, outras
construções, relativamente, mais rasteiras, transformavam a paisagem em algo
mais heterogêneo, quebrando, casualmente, o excessivo cinza. Porém, algo mais
chamava a atenção e acizentava ainda mais o evoluído planeta, uma densa fumaça
cinzenta, semelhante a que nós, dragões, expelimos ao soltarmos baforadas de
fogo, tornando ainda mais obstruía a visualização do planeta.
Então, aproximei-me o suficiente do planeta, a
atração dele começou a me puxar e minha sensação de autossuficiência começou a
enfraquecer. Com a fome, cansaço e a necessidade de respirar voltando, descidi,
então, lançar-me no planeta, abandonando-me à gravidade deste, como um meteóro
que torna-se meteoríto ao ser admitido pelo planeta.
Pra quê?
Fui recepcionado por uma intoxicante nuvem de
gás, tão densa e tóxica que cheguei a sentir, de leve, aquela bendita sensação
de autossuficiênci voltando, além de ter visão totalmente obstruída, passando,
então, a cair as cegas. Subtamente, já estava fora da nuvem negra e,
finalmente, consegui observar, com maior riqueza de detalhes o que aquele tinha
para oferecer.
Levando em relação a posição dos sóis, estava
a iniciar-se o dia naquele local em que entrei. E por esse motivo, as vias por
entre aquelas edificações estavam desertas, com exceção de alguns animais de
rotas errantes e várias máquinas complexas e esquisitas, e diversos pontos
luminosos provocavam o brilho que me trouxera até aquele pacato planeta. Sem
muito mais o que fazer, já que o pouco brilho da aurora impedia-me de observar
muito mais detalhes do lugar, eficientemente, direcionei-me ao topo de uma
edificação próxima e resolvi ali aguardar até que os sóis iluminassem o
suficiente a paisagem.
Logo, ao longe de onde eu estava, um estranho
badalar metálico chamara-me a atenção. Não sabia bem o que ele indicava, mas,
julgando o que ocorrera em seguida, ele certamente marcava o início do dia.
A vida começou a brota de dentro das
edificações. A vida, nesse caso, mostrara-se como estranhos seres altos, com o
corpo coberto por densos, porém belos, pelos, estes, aliás, de diversas cores
que iam de aceitáveis, como pretos,
caramelos, cinzas, a absurdas, como
vermelhos, roxos, verdes; possuíam um focinho saltado, porém a face, num todo,
era achatada, as orelhas possuíam diferentes formatos, de simples, destinadas
apenas a audição, à grandes e pomposas, o que, provavelmente, era sinônimo de
beleza dentre eles; além de uma longa e bela cauda, muito peludo, em alguns.
Lembravam alguns animais de Drungsdom, ditos felinos, porém estes eram bípedes
e mais robustos que os felinos de Drungsdom.
Não nego, fiquei estupefato com a visão
daqueles animais tão exóticos, eles chegavam a ser mais diferentes que os animais-rosados-sem-pelos, apesar de que
eram mais belos. Fiquei ali durante algum tempo, sobre aquela rocha estranha e
plana, observando o movimento daqueles seres excêntricos. Eles locomoviam-se
tanto andando quanto em suas engenhocas interessantes que lembravam frascos
grandes e fechados com rodas.
Então, desci descer.
Pra quê?
Pousei, suavemente, no chão e tentei
aproximar-me do grupo mais próximo. Deixei um leve ronronar escapar da garganta
(Sim, eu ronrono, mas lembra mais um rawr
tremido a um purr) e deixava a cabeça
inclinada procurando demonstrar ingenuidade e curiosidade. Porém, quanto mais
eu tentava contado, mais eles afastavam-se de mim, temerosos, muitos corriam
gritando, e pela freqüência aguda dos gritos, deduzi que eram, em grande parte,
fêmeas, coisas difíceis de entender. Então resolvi tentar outra abordagem,
fechando os olhos e abrindo a boca, liberei doces rawr’s seguidos de graciosas labaretas, como luzes de um show. Para
mim aquilo parecia muito belo e digno de gracejos. Esperava que eles fossem
gostar e aproximar-se de mim, porém, quando voltei a abrir os olhos, não havia
mais ninguém na minha frente, no mais alguns deles correndo, mais ao longe.
De repente, senti algo rapidamente enlaçar e
apertar o meu pescoço, logo senti o Darky acordar, porém, antes que nós pudéssemos demonstrar quaisquer
reação, um poderoso impacto fora infligido sobre a minha nuca.
E desmaiei.
Não sei dizer bem quanto acordei, pois a
escuridão do lugar era tamanha que se misturava à da minha coma. Não, também, sabia
onde estava, e sequer cheguei a descobrir mais tarde, afinal. A única coisa que
eu conseguia discernir era uma passagem bloqueada por algum objeto que parecia
flutuar de forma deixar leves feixes de luz brilhar em suas bordas. Mais tarde
descobri daquele objeto era porta.
Após um longo e incerto período, o feixe de
luz à minha frente aumentou e banhou todo o lugar, ofuscando minha vista,
momentaneamente, desacostumada à claridade, seguida de um vulto, volumoso e
dotado da mesma cauda que os seres que eu observava possuíam. Ficou na porta
daquela pequena sala e disse algo em voz alta, porém não consegui entender nada
do que ele dissera. Então, ele repetiu.
– Levanta-te! –
Desta vez entendi, perfeitamente, o que ele dissera, apesar de não saber bem
como aquilo acontecerá. Aparentemente, não fora o Darky, já que não conseguia
sentir qualquer diferença no meu ser que indicasse a ação dele, porém também
não conseguia encontrar outra explicação.
– Levanta-te,
besta alada! – Ao soar deste terceiro berro o encanto da surpresa de ter
entendido o que ele dissera quebrou-se e fora substituído pelo mais puro medo
do que ele poderia fazer se eu não o obedecesse, sendo assim, levantei-me,
mantendo-me em silêncio.
– Finalmente! – A
raiva do desacato transparecia em sua voz – Agora, venha comigo! – Dizendo
isso, ele virou-se de lado, liberando um estreito por onde eu pudesse passar.
Eu, vagarosamente, movi-me em sua direção. Na verdade, movia-me até devagar
demais, como se tivesse acabado de terminar um trabalho exaustivo e estivesse
locomovendo-me para um lugar tranquilo e confortável para poder dormir.
Esperava que eu
fosse ser guiado a algum lugar, mas, em vez disso, fui posto a dianteira de um
pequeno grupo daqueles estranhos seres, como se eu fosse o capitão de uma expedição.
Nesse momento já era possível analisar o que me cercava: o vulto que berrara
comigo, mostrara-se, certamente, mais um daqueles estranhos seres, possuía os
pelos num tom alaranjado, os membros bem treinados e trabalhados, porém o
corpo, num todo, era volumoso e sua expressão era séria e brusca. Além dele, os
demais seres do pequeno grupo, também membros da mesma raça, ambos muito
semelhantes ao primeiro, porém, possuindo menos pompa no semblante. Todos
possuíam uma ferramenta cumprida e larga, terminada em três afiadas e
pontiagudas pontas, ou, como já deves ter percebido, tridentes; as ferramentas
foram apontadas para o meu pescoço e, periodicamente, empurradas contra ele,
para que eu caminhasse adiante.
E assim seguimos, numa, mutuamente, solene marcha.
Conforme avançávamos, o cenário ao redor parecia, simplesmente, sofrer uma
metamorfose em questão de passos, as grandes edificações cinzentas rapidamente deram
lugar a verdejantes matas e um solo mais arenoso, porém, ainda desse jeito, a
paisagem esbanjava formosura e esplendor.
Certamente você deve estar pensando agora “Como assim?”, e eu não te culpo por
isso, afinal, depois de conviver com a tua espécie, humano leitor, eu descobri
que algumas coisas não fazem sentido em sua realidade, como o fato de uma
paisagem, simplesmente, mudar, em questão de alguns meros passos,
principalmente, na marcha lenta em que estávamos, e que tridentes são coisas um
tanto quanto antiquadas para uma civilização, aparentemente, evoluída como
aquela. Mas logo, logo, entenderás, garanto-te.
Subitamente, então, os tridentes foram
retirados do meu pescoço e colocados em ‘x’
à minha frente, simbolizando que eu parasse. Levantei, pois, a vista pela
primeira vez, desde que a caminhada começara, a fim de saber o motivo da parada.
Estávamos de fronte a um todo enfeitado trono, cercado por ouro, árvores e
terra e, sentado neste, encontrava-se mais um daqueles grandes felinos. Este
era de pelagem vermelha marcada por diversos símbolos em amarelo por todo o
corpo, ou, ao menos, por toda a parte visível deste que, aliás, era vasta já
que ele trajava muito poucas vestes, se comparado ao grupo que me levara até
ali, resumia-se a uma singela tanga
sobre as partes intimas, porém, ainda que pouco, está aparentava valer muito
mais que tudo o que os soldados sustentavam. Era igualmente robusto, porém
aparentava possuir mais pompa e prestígio.
Observei-o por alguns instantes, assim como
fizera com relação a mim. Ainda não estava acontecendo o que estava acontecendo
e tentando digerir todas aquelas informações quando, de repente, num movimento
tão rápido que ele parecia mais ter teleportado
a si próprio, ele sumiu de seu trono e reapareceu a escassos centímetros do meu
focinho, pendurado, de ponta cabeça, olhando-me ainda mais fixamente que antes.
– Vejamos o que temos aqui? – Dizia dando
pequenos petelecos nos meus chifres – O
que faz aqui, pequenino?
Apenas balancei a cabeça, procurando
simbolizar que não tinha nada a fazer ali.
– Nada? Mas porque, então, tu estas aqui e
estavas a assustar o meu povo? – Disse isso pondo seu focinho mais próximo de
mim, de modo ameaçador.
Encolhi um pouco com o tom e a aproximação
ameaçadora dele e, mais uma vez temeroso, e não sabem como explicar-me sem
palavras, falei, não me importando se ele iria ou não me entender.
– Me-me desculpe, eu-eu não quis assustar
ning-- – Fui obrigado a cortar a fala. Agora aquele felino transformara seu
semblante de impassível e descontraído para um que denotava o mais puro pavor e
pânico. Com um movimento tão ágil quanto o anterior, ele desceu de onde estava
pendurado.
– Espera um pouco ai... Eu conheço esse teu
sotaque. Tu és de Drungsdom, não é? – Mal conseguira acenar com a cabeça que
sim e ele voltara-se para ou soldados e estes já sabiam que tomariam um sermão
apavorante. – Retirem-se daqui nesse instante, seus incompetentes! Não sabem o
quão prestigioso é a visita de um amigo dragão para tratarem-no assim?! –
Ordenou ele com reverberante brado e os soldados saíram aos tropeços. Ele
segurou o que estava mais próximo de mim antes que este pudesse deslocar-se e
sussurrou-lhe algo inaudível. Logo após este fez uma reverencia e pôs-se a
correr.
Fiquei a observar os soldados correndo para
longe, tentando entender o que estava acontecendo. Quando voltei a olhar para
frente tive de jogar-me para trás por conta do susto que levei. Aquele felino
que dera o sermão nos demais estava agora tão próximo de mim que lhe tocaria o
focinho se não fosse a minha reação.
– Oh,
que indelicadeza a minha! Deixe que me apresente, sou o Rei Hango Sha, reino
sobre toda a porção sul do continente de Musu, mas isso você já deve saber, não
é? – A pergunta foi retórica e seguida dela ele soltou uma animada gargalhada
ao ar. Dei graças por isso, já que sequer imaginava o porque de ele ter mudado
o tratamento para comigo de repente, quanto menos quem era ele, ou aquele
reino. – Então, diga-me, cari dragão, o que o trás aqui nesse magnífico dia? E
o que houve com os anciões? Há muito não temos notícias de vosso povo.
Mais uma vez vi-me encurralado. Não sabia como
explicar-lhe que Drungsdom nem mesmo existia mais, ainda mais com ele
olhando-me com aquela expressão tão anciosa.
– Senhor, o banquete está pronto – O alívio
tomou conta do meu corpo mais uma vez quando aquele soldado que havia saído
correndo por último retornara com a informação. Fiquei um tanto quanto
surpreso, também, com a velocidade com que o soldado dera a informação sobre o
banquete e o mesmo fora preparado.
– Hum... Certo. – Estava claro, em sua voz,
que ele não gostara de ter sido interrompido – Acompanhe nosso ilustre
convidado, portanto, e logo me reunirei a vós. – E, dizendo isso, o rei sumiu
na árvore logo acima.
Caminhávamos pela mesma via pelo qual eu fui
levado até o rei, porém, agora eu podia andar livremente, sem um tridente no
meu pescoço e sem ser forçado a andar, o que me proporcionou admirar a paisagem
melhor. O verde daquele lugar era tamanho que eu mal podia acreditar,
principalmente, pelo fato de ele estar no meio de um borrão cinza, borrão este,
aliás, que eu não conseguia avistar.
Quando já havíamos nos distanciado o
suficiente do trono do rei, dirigi a palavra ao soldado.
– Desculpe-me... – O soldado não virou-se,
porém soltou um grunhido em resposta – Eh... Pode ser meio estranha a pergunta,
mas... Onde estou?
Embora tentasse esconder, o soldado deixou
transparecer um pouco de surpresa com a minha pergunta.
– Tu estás no reino de Cerôna, o maior de
todos os reinos do planeta Ono, localizado no continente de Musu, o principal
continente de nosso planeta. – Após essas informações ficou claro a surpresa do
soldado, eu estava no ponto mais importante daquele planeta e não sabia.
– Hm... certo, e... o que são vocês? – Desta
vez o soldado virou-se, visivelmente, surpreso e espantado.
– Desculpe, mas como Vossa Senhoria vem ao
nosso planeta assim desinformado? – Perguntou ele, intrigado.
– Eu-eu, hã... Eu vim para cá por acaso... –
Respondi o mais rápido que pude.
– Por acaso? Hm... – Senti minha garganta
secar enquanto ele refletia a cerca da informação – Tudo bem, então – E meu
alívio ao ver o sorriso em seu rosto – Nós somos oriundos dos Verinades – São felinos, humano, felinos
– E destacamo-nos destes irmão menos desenvolvidos por nossa inteligência e
habilidades manuais, tornando-nos superiores e desenvolvidos. Como somos da
mesma família, nossa espécie recebeu o nome de Verinades Felix ou Pumas,
como preferimos ser chamados. Ficou claro? – Perguntou mantendo o sorriso
anterior.
– Perfeitamente. – Na verdade, eu demorei um
pouco para digerir bem aquela informação.
Logo nossa pequena caminhada chegou ao fim, já
estávamos em meio ao borrão cinza. Não sei em que momento deixamos a vegetação
para trás, pois estava ainda digerindo as informações que me foram dadas,
porém, quando eu olhava para trás, não conseguia ver nada além de cinza, como
se aquela vegetação toda simplesmente não estivesse mais ali.
Estávamos à frente de uma imensa edificação,
porém esta não era cinza, mas sim branca com centenas de detalhes em dourados.
As paredes da construção eram orladas por diversas estátuas, gigantescas, de
seres muito semelhantes aos Pumas, porém emanavam superioridades e poder. Eram
deuses. Todos portavam objetos estranhos, até mesmo a você, humano, garanto-te.
Jamais vira construção tão elaborada em
Drungsdom, portanto fiquei paralisado admirando-a por alguns instantes. Mais
tarde vim a descobrir que nada se comparava àquela construção e nenhum lugar do
sem-fim.
Infelizmente não pude ficar ali por muito
tempo, pois o soldado já se adiantara até a porta e estava a me esperar.
Contrariando minha vontade de permanecer ai, admirando a construção, acelerei o
passo até aproximar-me do soldado.
A edificação possuía um imenso hall, aberto a qualquer um que ali
chegasse. Os enfeites eram visíveis por toda parte, um mais pomposo que o
anterior. Havia um pequeno balcão num canto, onde alguns Pumas atendiam,
apressadamente, os civis que ali chegassem. Na nossa reta havia duas imensas
portas de madeira, extremamente, emoldurada. Caminhamos em direção a elas.
Enquanto caminhávamos, os estalos das minhas garras batendo no chão, composto
por uma espécie de pedra lisa, cheia de desenhos coloridos, chamavam a atenção
dos que ali estavam. Vi alguns encolhendo-se
ao me verem, supus que fossem alguns dos que eu tentei amizade mais cedo.
Chegamos, então, nas portas. O soldado
adiantou-se mais um pouco e empurrou-as, com as duas patas, abrindo-as.
Pra quê?
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