quarta-feira, 6 de abril de 2011

VI - Uma decisão difícil

Ao retornarem para Drunsgdom, uma grande massa se aglomerava no centro do vilarejo, junto aos anciões, todos aguardavam o retorno da excursão que havia se atrasado muito e todos sabiam que a Terra abrigava certos perigos.
O alivio pairou sobre todos quando uma aura lilás se fez no meio do circulo imaginário que os anciões formavam. Mas este logo se esvai quando a imagem de sete dragões sendo carregados em macas improvisadas torna-se nítida. O pior havia ocorrido.
 Helike já havia acordado quando eles chegaram, apesar de meio tonto ainda. Ele foi, estranhamente, o mais observado. Não era por menos, ele estava com uma aparecia assustadora e não sabia. Todos os pelos de sua crina e costas estavam arrepiados de um modo sombrio e uma energia um tanto negativa ainda emanava do pequeno corpo, contudo, o pequeno se sentia relativamente bem, apesar do baque e do cansaço incomum.
Notando que o clima havia tomado um tom muito macabro para uma recepção, os anciões e mais alguns dragões de elite adiantaram-se em recolher os Longs e demais recém-chegados para um local mais privado, enquanto alguns outros preparavam a cerimônia fúnebre para os falecidos.
‒ O que aconteceu lá? – Questionou um dos anciões, este tinha uma pose soberana, não por menos, ele era o mais influente dentre todos. ‒ Foram os mamíferos sem pelos?
‒ Sim, foram eles ‒ Tomou a palavra um grande dragão de um verde esmeralda ‒, nos pegaram de surpresa e, mesmo tendo reagido, para a surpresa deles, fomos superados em alguns momentos, o que geriu as indesejáveis mortes.
‒ Entendo... E como foi? Como vós os superastes?
O pai de Helike quem falou dessa vez ‒ Não combinamos nada para ser sincero, apenas avançamos, lançando a sorte ao vendo ‒ Disse com um pequeno sorrisinho, que logo foi abafado, já que ninguém acho graça. Então, retornou a seriedade ‒ Fomos derrotando aos poucos conforme os pelotões se aproximavam.
O ancião, então, após assentir, virou-se para Helike, que agora retornava ao normal, porém ainda um tanto alterado ‒ E ti, pequenino, o que lembras? O que aconteceu?
‒ Eu lembro de uma caverna em que nossos pais pediram para ficarmos... ‒ Ele foi interrompido por uma questão do sábio subitamente.
Nós quem?
‒ Eu e Flame. Bem, depois eu persuadir Flame a sair da caverna comigo e irmos à luta junto aos demais. Depois não lembro bem que aconteceu, só que fomos. Depois de um tempo estávamos lutando junto a outros dois dragões. Eu e Flame lutamos quase que sem sair do lugar, mandei um “bicho rosa” longe e Flame foi atingido e desmaiou. Daí os dois dragões avançaram dando chifradas, mas foram derrotados por um dos bichos rosas, mas este era muito peludo. Então ele ameaçou me atacar e eu apaguei, quando acordei uma energia nostalgia corria por todo meu corpo e, de modo sobre natural, eu derrotei todos os bichos, em seguida apaguei novamente. Quando acordei, um sobressalente vinha em minha direção com uma crava, mas eu não conseguia nem me mover para fugir. Ai ele jogou a madeira longe e me abraçou. ‒ Quando Helike parou de falar, todos se entreolharam, alguns murmuraram entre si, o que o deixou um tanto desconfiado.
‒ Hum... ‒ Sobressaiu-se o ancião maior ‒ Posso falar com vocês, em particular ‒ Dirigia-se aos pais de Helike, esses os quais consentiram e seguiram-no.
Helike tentou segui-los, mas logo foi impedido pelo teu pai, que o orientou a ficar ali com os demais e tentar ajudar, principalmente, seu irmão. Mesmo contrario a sua vontade, ele obedeceu e afastou-se.
Já separado do grupo, o ancião disse: ‒ Acho que vocês já devem saber o que eu quero conversar convosco, certo?
‒ Sobre ele.
‒ Exato, imagino que vocês não tenham visto-o enquanto estava controlado pelo ser. Conseguimos apagar essa história, mas se isso voltar a ocorrer, vocês devem estar conscientes de que não poderemos fazer nada.
“Uma sugestão que vos dou e espero que a sigam, é treinar o auto-controle do pequenino. Sei que ele é muito jovem, mas, acreditem, é melhor não esperar para ver o que pode acontecer.”
‒ E como vamos fazer isso?
‒ Provoquem-no. ‒ Disse o ancião vagamente.
‒ O que!?! ‒ Quase berrou a mãe.
‒ Vocês terão de fazê-lo sentir raiva. Só assim aquele “ser” poderá despertar.
‒ Mas e se não conseguimos controlá-lo? E, se fizermos isso, ele pode perder a confiança em nós!
‒ Estaremos prontos para ajudar caso seja necessário e... ‒ após uma breve pausa ‒ Vocês preferem isso ou a vida dele?
O silêncio dos Longs e a cabeça baixa funcionaram como uma resposta à pergunta.
‒ Que podemos encerrar essa discussão por aqui, sugiro que o prepare o quanto antes e não o deixem saber o porquê de estarem agindo assim, senão pode não funcionar.
“Mas...” ‒ Era tudo que o casal conseguia pensar no momento, estavam arrasados com a atitude que teriam de tomar.

Quando três voltaram para junto dos demais dragões, Helike estava ajudando-os com os preparativos pra a honraria aos falecidos e Frame, já acordado, porém ainda um tanto atordoado, estava sentado em um canto orientando-os.
‒ Sugiro compartilharem essa decisão com o pequeno vermelho também.
‒ Mas se fizermos isso Helike vai ficar completamente isolado, sem nem se quer o irmão, o único amigo, para brincar.
‒ É apenas uma sugestão. ‒ Disse o dragão friamente.


Because this is me ₢ Helike Long