domingo, 27 de maio de 2012

XIII - Pra quê?


Não demorou muito para que eu perdesse a noção de tempo em meio ao vazio negro que logo me dominará, só tinha certeza de que muito tempo já correra de mim, pois por mais que não soubesse se era “dia” ou “noite”, o cansaço vinha e, em momentos periódicos, eu, literalmente, apagava, envolvido pelo frio abraço do intangível, que levava-me adiante sem que eu pudesse impedir. Assim, vagarosamente, o tempo foi escorrendo de mim, o tédio e a carência aumentando e a sensação de autossuficiência me irritando. Sentia falta de sentir fome, sede, necessidade de respirar... Enfim, viver. O tempo não me furtara apenas sentimentos, mas, também, levava de mim meu antigo físico, todavia, não de modo ruim.
Eu cresci muito durante todo esse tempo, já não parecia mais a lagartixa com asas que todo filhote de dragão parece, agora eu estava mais encorpado meu pescoço crescera, engrossara e tornara-se mais sinuoso, formando um “s”, os músculos das minhas pernas desenvolveram-se, porém, não muito, já que não tinha como eu exercitá-los. Mas, de fato, a mudança mais notória estavam em minhas asas, calda, face e costas. Minhas asas tornaram-se quase três vezes o tamanho do meu corpo e ficaram muito poderosas, devido ao continuo exercício de “voar”. Minha calda, que me servia como um leme durante o trajeto, ficara, também, musculosa e poderosa, a crava cristalina também crescera e, do meio dela, diversas pontas afiadas brotavam. Meus chifres cresceram e começaram a se escamar, tornando-se mais mortais, os traços da minha face ficaram mais robustos, explicitando meu gênero,  masculino e, partindo da espícula de entre dos meus olhos até a mais próxima da clava, em minha calda, que já começaram a cair, os pelos tornaram-se mais brandos, finos e acinzentados.
Darky, como eu apelidei o “espírito” que vivia dentro de mim, já não me atormentava desde que desisti de tentar me matar, parecia estar em um sono profundo, apesar de eu suspeitar de que era ele quem provocava aquela sensação de autossuficiência.
E o tempo escorria, vagarosamente.

Então cheguei a uma estrela, na verdade, três, uma principal e outras duas a orbitando. O calor delas inundavam seu campo gravitacional e muito além. Cerca de três planetas eram visíveis daquele ponto em que me encontrava. Um deles chamou-me a atenção, pois um brilho fraco brotava dele, como se ele tivesse sua própria estrela interna. Sem mais esperar, dirigi-me a ele, curioso e, de certo modo, esperançoso, em poder, talvez, dar fim a essa viagem a esmo.
O planeta, que era o último dos três que meu campo de visão alcançava, era, àquela distância, extremamente belo, pelo que se era possível discernir por entre o estridente brilho do planeta e das nebulosas que ofuscavam a paisagem abaixo delas. Porções soberanas d’água separavam porções, também imensas, de terra e, nesta, em alguns pontos mais isolados, grandes porções de verde intenso destacavam-se da única coisa que empobrecia aquela paisagem, um cinza opaco, frio e monótono que cobria a maior porção terrosa do planeta.
A primeira vista estranhei, não nego. Nunca, na natureza, eu tinha visto tanto cinza no mesmo lugar, nem sequer nos nossos vilarejos, na antiga Drungsdom, formados por rocha bruta, era quase impossível tanta rocha,  na superfície,  agrupada e em tamanha quantidade, aponto dee formar aquele borrão.
Aproximava-me cada vez mais e cada vez mais era possível discernir os detalhes dele. O borrão cinza logo tornara-se uma massa desinforme de complexas construções, se comparadas às rústicas construções de Drungsdom; edifícios altos arranhavam a atmosfera, outras construções, relativamente, mais rasteiras, transformavam a paisagem em algo mais heterogêneo, quebrando, casualmente, o excessivo cinza. Porém, algo mais chamava a atenção e acizentava ainda mais o evoluído planeta, uma densa fumaça cinzenta, semelhante a que nós, dragões, expelimos ao soltarmos baforadas de fogo, tornando ainda mais obstruía a visualização do planeta.
Então, aproximei-me o suficiente do planeta, a atração dele começou a me puxar e minha sensação de autossuficiência começou a enfraquecer. Com a fome, cansaço e a necessidade de respirar voltando, descidi, então, lançar-me no planeta, abandonando-me à gravidade deste, como um meteóro que torna-se meteoríto ao ser admitido pelo planeta.
Pra quê?
Fui recepcionado por uma intoxicante nuvem de gás, tão densa e tóxica que cheguei a sentir, de leve, aquela bendita sensação de autossuficiênci voltando, além de ter visão totalmente obstruída, passando, então, a cair as cegas. Subtamente, já estava fora da nuvem negra e, finalmente, consegui observar, com maior riqueza de detalhes o que aquele tinha para oferecer.
Levando em relação a posição dos sóis, estava a iniciar-se o dia naquele local em que entrei. E por esse motivo, as vias por entre aquelas edificações estavam desertas, com exceção de alguns animais de rotas errantes e várias máquinas complexas e esquisitas, e diversos pontos luminosos provocavam o brilho que me trouxera até aquele pacato planeta. Sem muito mais o que fazer, já que o pouco brilho da aurora impedia-me de observar muito mais detalhes do lugar, eficientemente, direcionei-me ao topo de uma edificação próxima e resolvi ali aguardar até que os sóis iluminassem o suficiente a paisagem.
Logo, ao longe de onde eu estava, um estranho badalar metálico chamara-me a atenção. Não sabia bem o que ele indicava, mas, julgando o que ocorrera em seguida, ele certamente marcava o início do dia.
A vida começou a brota de dentro das edificações. A vida, nesse caso, mostrara-se como estranhos seres altos, com o corpo coberto por densos, porém belos, pelos, estes, aliás, de diversas cores que iam de aceitáveis, como pretos, caramelos, cinzas, a absurdas, como vermelhos, roxos, verdes; possuíam um focinho saltado, porém a face, num todo, era achatada, as orelhas possuíam diferentes formatos, de simples, destinadas apenas a audição, à grandes e pomposas, o que, provavelmente, era sinônimo de beleza dentre eles; além de uma longa e bela cauda, muito peludo, em alguns. Lembravam alguns animais de Drungsdom, ditos felinos, porém estes eram bípedes e mais robustos que os felinos de Drungsdom.
Não nego, fiquei estupefato com a visão daqueles animais tão exóticos, eles chegavam a ser mais diferentes que os animais-rosados-sem-pelos, apesar de que eram mais belos. Fiquei ali durante algum tempo, sobre aquela rocha estranha e plana, observando o movimento daqueles seres excêntricos. Eles locomoviam-se tanto andando quanto em suas engenhocas interessantes que lembravam frascos grandes e fechados com rodas.
Então, desci descer.
Pra quê?
Pousei, suavemente, no chão e tentei aproximar-me do grupo mais próximo. Deixei um leve ronronar escapar da garganta (Sim, eu ronrono, mas lembra mais um rawr tremido a um purr) e deixava a cabeça inclinada procurando demonstrar ingenuidade e curiosidade. Porém, quanto mais eu tentava contado, mais eles afastavam-se de mim, temerosos, muitos corriam gritando, e pela freqüência aguda dos gritos, deduzi que eram, em grande parte, fêmeas, coisas difíceis de entender. Então resolvi tentar outra abordagem, fechando os olhos e abrindo a boca, liberei doces rawr’s seguidos de graciosas labaretas, como luzes de um show. Para mim aquilo parecia muito belo e digno de gracejos. Esperava que eles fossem gostar e aproximar-se de mim, porém, quando voltei a abrir os olhos, não havia mais ninguém na minha frente, no mais alguns deles correndo, mais ao longe.
De repente, senti algo rapidamente enlaçar e apertar o meu pescoço, logo senti o Darky acordar, porém, antes que nós pudéssemos demonstrar quaisquer reação, um poderoso impacto fora infligido sobre a minha nuca.
E desmaiei.

Não sei dizer bem quanto acordei, pois a escuridão do lugar era tamanha que se misturava à da minha coma. Não, também, sabia onde estava, e sequer cheguei a descobrir mais tarde, afinal. A única coisa que eu conseguia discernir era uma passagem bloqueada por algum objeto que parecia flutuar de forma deixar leves feixes de luz brilhar em suas bordas. Mais tarde descobri daquele objeto era porta.
Após um longo e incerto período, o feixe de luz à minha frente aumentou e banhou todo o lugar, ofuscando minha vista, momentaneamente, desacostumada à claridade, seguida de um vulto, volumoso e dotado da mesma cauda que os seres que eu observava possuíam. Ficou na porta daquela pequena sala e disse algo em voz alta, porém não consegui entender nada do que ele dissera. Então, ele repetiu.
– Levanta-te! – Desta vez entendi, perfeitamente, o que ele dissera, apesar de não saber bem como aquilo acontecerá. Aparentemente, não fora o Darky, já que não conseguia sentir qualquer diferença no meu ser que indicasse a ação dele, porém também não conseguia encontrar outra explicação.
– Levanta-te, besta alada! – Ao soar deste terceiro berro o encanto da surpresa de ter entendido o que ele dissera quebrou-se e fora substituído pelo mais puro medo do que ele poderia fazer se eu não o obedecesse, sendo assim, levantei-me, mantendo-me em silêncio.
– Finalmente! – A raiva do desacato transparecia em sua voz – Agora, venha comigo! – Dizendo isso, ele virou-se de lado, liberando um estreito por onde eu pudesse passar. Eu, vagarosamente, movi-me em sua direção. Na verdade, movia-me até devagar demais, como se tivesse acabado de terminar um trabalho exaustivo e estivesse locomovendo-me para um lugar tranquilo e confortável para poder dormir.
Esperava que eu fosse ser guiado a algum lugar, mas, em vez disso, fui posto a dianteira de um pequeno grupo daqueles estranhos seres, como se eu fosse o capitão de uma expedição. Nesse momento já era possível analisar o que me cercava: o vulto que berrara comigo, mostrara-se, certamente, mais um daqueles estranhos seres, possuía os pelos num tom alaranjado, os membros bem treinados e trabalhados, porém o corpo, num todo, era volumoso e sua expressão era séria e brusca. Além dele, os demais seres do pequeno grupo, também membros da mesma raça, ambos muito semelhantes ao primeiro, porém, possuindo menos pompa no semblante. Todos possuíam uma ferramenta cumprida e larga, terminada em três afiadas e pontiagudas pontas, ou, como já deves ter percebido, tridentes; as ferramentas foram apontadas para o meu pescoço e, periodicamente, empurradas contra ele, para que eu caminhasse adiante.
E assim seguimos, numa, mutuamente, solene marcha. Conforme avançávamos, o cenário ao redor parecia, simplesmente, sofrer uma metamorfose em questão de passos, as grandes edificações cinzentas rapidamente deram lugar a verdejantes matas e um solo mais arenoso, porém, ainda desse jeito, a paisagem esbanjava formosura e esplendor.
Certamente você deve estar pensando agora “Como assim?”, e eu não te culpo por isso, afinal, depois de conviver com a tua espécie, humano leitor, eu descobri que algumas coisas não fazem sentido em sua realidade, como o fato de uma paisagem, simplesmente, mudar, em questão de alguns meros passos, principalmente, na marcha lenta em que estávamos, e que tridentes são coisas um tanto quanto antiquadas para uma civilização, aparentemente, evoluída como aquela. Mas logo, logo, entenderás, garanto-te.
Subitamente, então, os tridentes foram retirados do meu pescoço e colocados em ‘x’ à minha frente, simbolizando que eu parasse. Levantei, pois, a vista pela primeira vez, desde que a caminhada começara, a fim de saber o motivo da parada. Estávamos de fronte a um todo enfeitado trono, cercado por ouro, árvores e terra e, sentado neste, encontrava-se mais um daqueles grandes felinos. Este era de pelagem vermelha marcada por diversos símbolos em amarelo por todo o corpo, ou, ao menos, por toda a parte visível deste que, aliás, era vasta já que ele trajava muito poucas vestes, se comparado ao grupo que me levara até ali, resumia-se a uma singela tanga sobre as partes intimas, porém, ainda que pouco, está aparentava valer muito mais que tudo o que os soldados sustentavam. Era igualmente robusto, porém aparentava possuir mais pompa e prestígio.
Observei-o por alguns instantes, assim como fizera com relação a mim. Ainda não estava acontecendo o que estava acontecendo e tentando digerir todas aquelas informações quando, de repente, num movimento tão rápido que ele parecia mais ter teleportado a si próprio, ele sumiu de seu trono e reapareceu a escassos centímetros do meu focinho, pendurado, de ponta cabeça, olhando-me ainda mais fixamente que antes.
– Vejamos o que temos aqui? – Dizia dando pequenos petelecos  nos meus chifres – O que faz aqui, pequenino?
Apenas balancei a cabeça, procurando simbolizar que não tinha nada a fazer ali.
– Nada? Mas porque, então, tu estas aqui e estavas a assustar o meu povo? – Disse isso pondo seu focinho mais próximo de mim, de modo ameaçador.
Encolhi um pouco com o tom e a aproximação ameaçadora dele e, mais uma vez temeroso, e não sabem como explicar-me sem palavras, falei, não me importando se ele iria ou não me entender.
– Me-me desculpe, eu-eu não quis assustar ning-- – Fui obrigado a cortar a fala. Agora aquele felino transformara seu semblante de impassível e descontraído para um que denotava o mais puro pavor e pânico. Com um movimento tão ágil quanto o anterior, ele desceu de onde estava pendurado.
– Espera um pouco ai... Eu conheço esse teu sotaque. Tu és de Drungsdom, não é? – Mal conseguira acenar com a cabeça que sim e ele voltara-se para ou soldados e estes já sabiam que tomariam um sermão apavorante. – Retirem-se daqui nesse instante, seus incompetentes! Não sabem o quão prestigioso é a visita de um amigo dragão para tratarem-no assim?! – Ordenou ele com reverberante brado e os soldados saíram aos tropeços. Ele segurou o que estava mais próximo de mim antes que este pudesse deslocar-se e sussurrou-lhe algo inaudível. Logo após este fez uma reverencia e pôs-se a correr.
Fiquei a observar os soldados correndo para longe, tentando entender o que estava acontecendo. Quando voltei a olhar para frente tive de jogar-me para trás por conta do susto que levei. Aquele felino que dera o sermão nos demais estava agora tão próximo de mim que lhe tocaria o focinho se não fosse a minha reação.
 – Oh, que indelicadeza a minha! Deixe que me apresente, sou o Rei Hango Sha, reino sobre toda a porção sul do continente de Musu, mas isso você já deve saber, não é? – A pergunta foi retórica e seguida dela ele soltou uma animada gargalhada ao ar. Dei graças por isso, já que sequer imaginava o porque de ele ter mudado o tratamento para comigo de repente, quanto menos quem era ele, ou aquele reino. – Então, diga-me, cari dragão, o que o trás aqui nesse magnífico dia? E o que houve com os anciões? Há muito não temos notícias de vosso povo.
Mais uma vez vi-me encurralado. Não sabia como explicar-lhe que Drungsdom nem mesmo existia mais, ainda mais com ele olhando-me com aquela expressão tão anciosa.
– Senhor, o banquete está pronto – O alívio tomou conta do meu corpo mais uma vez quando aquele soldado que havia saído correndo por último retornara com a informação. Fiquei um tanto quanto surpreso, também, com a velocidade com que o soldado dera a informação sobre o banquete e o mesmo fora preparado.
– Hum... Certo. – Estava claro, em sua voz, que ele não gostara de ter sido interrompido – Acompanhe nosso ilustre convidado, portanto, e logo me reunirei a vós. – E, dizendo isso, o rei sumiu na árvore logo acima.

Caminhávamos pela mesma via pelo qual eu fui levado até o rei, porém, agora eu podia andar livremente, sem um tridente no meu pescoço e sem ser forçado a andar, o que me proporcionou admirar a paisagem melhor. O verde daquele lugar era tamanho que eu mal podia acreditar, principalmente, pelo fato de ele estar no meio de um borrão cinza, borrão este, aliás, que eu não conseguia avistar.
Quando já havíamos nos distanciado o suficiente do trono do rei, dirigi a palavra ao soldado.
– Desculpe-me... – O soldado não virou-se, porém soltou um grunhido em resposta – Eh... Pode ser meio estranha a pergunta, mas... Onde estou?
Embora tentasse esconder, o soldado deixou transparecer um pouco de surpresa com a minha pergunta.
– Tu estás no reino de Cerôna, o maior de todos os reinos do planeta Ono, localizado no continente de Musu, o principal continente de nosso planeta. – Após essas informações ficou claro a surpresa do soldado, eu estava no ponto mais importante daquele planeta e não sabia.
– Hm... certo, e... o que são vocês? – Desta vez o soldado virou-se, visivelmente, surpreso e espantado.
– Desculpe, mas como Vossa Senhoria vem ao nosso planeta assim desinformado? – Perguntou ele, intrigado.
– Eu-eu, hã... Eu vim para cá por acaso... – Respondi o mais rápido que pude.
– Por acaso? Hm... – Senti minha garganta secar enquanto ele refletia a cerca da informação – Tudo bem, então – E meu alívio ao ver o sorriso em seu rosto – Nós somos oriundos dos Verinades – São felinos, humano, felinos – E destacamo-nos destes irmão menos desenvolvidos por nossa inteligência e habilidades manuais, tornando-nos superiores e desenvolvidos. Como somos da mesma família, nossa espécie recebeu o nome de Verinades Felix ou Pumas, como preferimos ser chamados. Ficou claro? – Perguntou mantendo o sorriso anterior.
– Perfeitamente. – Na verdade, eu demorei um pouco para digerir bem aquela informação.

Logo nossa pequena caminhada chegou ao fim, já estávamos em meio ao borrão cinza. Não sei em que momento deixamos a vegetação para trás, pois estava ainda digerindo as informações que me foram dadas, porém, quando eu olhava para trás, não conseguia ver nada além de cinza, como se aquela vegetação toda simplesmente não estivesse mais ali.
Estávamos à frente de uma imensa edificação, porém esta não era cinza, mas sim branca com centenas de detalhes em dourados. As paredes da construção eram orladas por diversas estátuas, gigantescas, de seres muito semelhantes aos Pumas, porém emanavam superioridades e poder. Eram deuses. Todos portavam objetos estranhos, até mesmo a você, humano, garanto-te.
Jamais vira construção tão elaborada em Drungsdom, portanto fiquei paralisado admirando-a por alguns instantes. Mais tarde vim a descobrir que nada se comparava àquela construção e nenhum lugar do sem-fim.
Infelizmente não pude ficar ali por muito tempo, pois o soldado já se adiantara até a porta e estava a me esperar. Contrariando minha vontade de permanecer ai, admirando a construção, acelerei o passo até aproximar-me do soldado.
A edificação possuía um imenso hall, aberto a qualquer um que ali chegasse. Os enfeites eram visíveis por toda parte, um mais pomposo que o anterior. Havia um pequeno balcão num canto, onde alguns Pumas atendiam, apressadamente, os civis que ali chegassem. Na nossa reta havia duas imensas portas de madeira, extremamente, emoldurada. Caminhamos em direção a elas. Enquanto caminhávamos, os estalos das minhas garras batendo no chão, composto por uma espécie de pedra lisa, cheia de desenhos coloridos, chamavam a atenção dos que ali estavam. Vi alguns  encolhendo-se ao me verem, supus que fossem alguns dos que eu tentei amizade mais cedo.
Chegamos, então, nas portas. O soldado adiantou-se mais um pouco e empurrou-as, com as duas patas, abrindo-as.
Pra quê?