sábado, 30 de abril de 2011

VIII ‒ Esperanças

Dias prolongaram-se em semanas, que se estenderam para meses, que se transformaram em anos. Logo, Helike e Flame estariam completando dois anos, já que, como ninguém sabia a idade nem a data de nascimento do pequeno vermelho, decidiram que seria no mesmo dia e consideraram que ele tivesse a mesma idade que Helike.
Junto a esses dois anos, a harmonia e a união entre os irmãos atingiram um estágio avançadíssimo. Nem mesmo seus pais imaginavam que eles fossem ficar tão juntos, apesar de terem aspirado isso.
Outra questão que animava os pais era a de que, com os dois anos completos, os anciões poderiam tentar selar a criatura de Helike e assim poderiam voltar a ser a família que deixaram de ser por obrigação. A expectativa da resposta dos anciões e da possível restauração da unidade familiar Long, lhes consumia como fogo, mal conseguiam esperar.
Optaram, já no ano anterior, que ao menos no aniversário de Helike o tratariam bem, e ele, já notando que seus aniversários seriam únicos, aproveitava ao máximo.

‒ Hoje, junto aos dois anos que completas, temos um presente especial para ti, Helike. ‒ Disse a mãe entusiasmadamente.
‒ Sério?! Cadê? Cadê?
‒ Calma, calma, tudo ao seu tempo, filhote. ‒ Interrompeu o pai.
Encaminhavam-se para o centro de Lanshi enquanto conversavam animadamente. Helike nunca os questionava do porque agirem com ele como estavam agindo, preferia que isso perecesse no esquecimento, ao menos naqueles dias em que eles mudavam de comportamento.
Ao chegarem à praça central, dirigiram-se a uma pequena e rústica edificação, na qual dragões, extremamente abeis, teciam sutis e frágeis, porém, muitas vezes, trabalhavam tanto num mesmo pedaço de pano que conseguiam produzir cotas resistentes e majestosas. Para a surpresa não só de Helike, como também de seu irmão, seus pais haviam encomendado uma dessas cotas para ambos.
As vestes eram magníficas, ambas de um tom de marrom que lembrava o bronze polido. Ela cobria toda a extensão das costas, prendia nas coxas e nos antebraços para não ficarem esvoaçantes e, casualmente, atrapalharem o voo e finalizavam numa espécie de coleira clavada com uma grande pedra enfeitada. No caso de Helike a pedra era esverdeada com ramificações negras em toda a sua extenção. Já na de Flame a pedra era alaranjada com linhas azuis.
Ambos ficaram admirados com o presente e adiantaram-se em usar as cotas, essas as quais, tanto seus pais quanto os artesãos, não hesitaram em ajudar-los a vesti-las.
Helike nunca havia se sentido tão feliz antes, principalmente pelo fato de que essa cota seria um dos poucos meios de sentir o amor de seus pais após aquele dia.
‒ Muito obrigado pelo presente, papai e mamãe! Simplesmente adorei!
‒ Calma, pequeno, ainda tem mais. ‒ Eles carregavam a certeza de que o encantamento de selo surtiria efeito positivo e poderiam dar muito mais para o pequenino em breve.

Agora se encaminhavam para a construção mais elaborada de Lanshi, um símbolo da boa vontade dos dragões do vilarejo, já que arte não era a melhor habilidade dos dragões, reflexo disso eram as demais edificações, que, por sinal, eram poucas.
Esta edificação era o templo no qual os anciões encontravam-se e todos eram bem cientes disso, exceto Helike. Durante os tempos de maus tratos aos quais ele era obrigado a resistir, vez ou outra ele era deixado só no lar e seus parentes vinham encontrar os anciões para conselhos.
‒ Fiquem aqui por enquanto, logo voltaremos ‒ Disse a mãe e prosseguiu com o pai.
Em outra sala os dois encontraram o ancião chefe, o qual havia lhes aconselhado a tratar Helike como vinham tratando. Ele logo se pronunciou:
‒ Imagino que tenham vindo para tentar o encantamento sobre o jovem, não?
‒ Sim, justamente. ‒ Disseram juntos.
‒ Pois bem, façamo-lo sem demoras então. Apliquem o que lhes ensinei nele para que ele fique desacordado e tragam-no para cá.
Os Longs entreolharam-se com alguns instantes entristecidos por terem de fazer isso. Está bem, voltaremos em breve. Disseram, movidos pelo amor e pela esperança, e deixaram a sala.
Encontraram Helike e Flame numa animada brincadeira quando voltaram a sala em que os deixaram, com um sinal discreto fizeram com que o pequeno vermelho detraísse seu irmão para que pudessem desmaiá-lo.
Quando o jovem dragão já estava desacordado, eles aguardaram para que pudessem entrar, então ambos os três  se ajudaram para levá-lo até a presença dos anciões para dar-se inicio ao processo. A sala estava com uma iluminação enfraquecida e com marcas, das quais emanava um brilho azulado, por quase toda a parte. Além dos anciões, mais cinco dragões foram convocados para ajudarem no que fosse possível.
O ancião repousou sua visão sobre ele por alguns instantes e, então, com uma voz fria, ordenou: ‒ Arranquem-lhe as vestes!
Antes que pudessem protestar, os cinco dragões já haviam abstraído Helike de seus parentes e despiam-no impiedosamente, deixando apenas trapos da vestimenta refinada que ele ganhara a pouco. Flame aventurou-se a avançar e, com as presas, abocanhou a pedra que estava nas vestes do irmão.
Sem o menor pudor, lançaram o filhote para dentro de um circulo com inscrições estranhas, e este caiu com um baque abafado e, aos seus pais, que nada puderam fazer, doloroso.
Todos os anciões estavam presentes a cerimônia, formando um grande circulo escamoso ao redor do circulo onde encontrava-se o pequeno. Todos se elevaram sincronizadamente e, sem qualquer aviso, processaram o encantamento.
Todas as inscrições sobre as paredes ficaram mais intensas, mergulhando todos no azul fantasmagórico que elas produziam. O circulo em que Helike encontrava-se foi o que brilhou com maior intensidade, fazendo-o quase sumir por contra do brilho.
Alguns instantes após o inicio, uma cena mostrou que o feitiço estava realmente surtindo algum efeito: Helike levantou-se, aparentemente, fora de si, olhou para todos os lados até que repousou os olhos encobertos por um vermelho amedrontador e tentou avançar, mas, de algum modo, o circulo o prendeu e impediu-o de prosseguir. Após isso, ele lançou um rugido de pura dor e desmaiou novamente.
A cena foi horrenda, a mãe não parava de chorar, o pai consolava-a cabisbaixo, aparentemente, engolindo o choro e Flame, sentindo-se incapaz de fazer qualquer coisa, apenas agarrou a pedra que antes estava na túnica de seu irmão, encolhido, sofrendo com ele.
Muito tempo se passou, e muitos outros surtos como o primeiro repetiram-se, num momento a pedra que Flame abraçava também brilhou num verde cegante e, quando o brilho dissipou-se, tanto a pedra de sua cota quanto a pedra da antiga cota do irmão fundiram-se, misteriosamente,  formando um yin-yang laranja e verde com esferas, consecutivamente, azul e negra.
Quando o brilho das marcas que encobriam o cômodo enfraqueceu-se até quase tornar-se inexistente, Helike apareceu novamente com a mesma aparência que apresentara no episódio do conflito na Terra, contorcido de dor e, mesmo inconsciente, gemendo.
Sua mãe logo se lançou em prantos, como se sentisse a dor do filhote, seu cônjuge conteve-se ao máximo, mas as lagrimas logo rolaram por sua face, o mesmo refletiu ao seu pequeno irmão.
‒ Acreditamos que está feito. Entretanto, não poderão cessar os maus tratos tão já, po--
‒ Porque não podemos?!? ‒ Escandalizou o pai junto a Flame que não se conteve. ‒ O encantamento era justamente para que ele pudesse ser feliz, não para que continuasse sofrendo!
‒ Se me permitir continuar. ‒ Após os dois terem acalmado, ele calmamente prosseguiu ‒ Pois nunca fizemos isso antes, os outros filhotes suicidaram antes disso, pois não agüentaram a pressão, o Helike é o primeiro a resistir tanto e não sabemos se as palavras usadas foram as mais promissoras.
‒ Mas não há nenhum relato em toda a nossa história? – Elevou-se a mãe às lagrimas para questionar.
‒ Nenhum foi tão forte quanto ele para resistir.
Espantados pela extraordinária vontade de viver que Helike carregava, eles concordaram em permanecer com o regime por mais tempo, a fim de testar o encantamento, por mais que isso lhes doesse.
Aproximando-se do pequenino, que ainda estava desacordado e gemia de dor, o pai pegou-o com a mandíbula e retirou-se, junto aos outro, do local, despedindo-se dos anciões solenemente durante a saída.
Retornaram então amargurados para o lar, desapontados por tanto sofrimento dar lugar a ainda mais dor. O jovem dragão negro demorou algumas horas para voltar ao normal e mais o resto do dia para superar as dores.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

VII ‒ Por quê?

Visto que se encontravam em uma situação difícil, os Longs decidiram que iriam seguir friamente os mandamentos do ancião, esperando não terem de ser muito duros com Helike. O que logo demonstrar-se-ia uma tarefa quase que impossível.

O casal ficou o resto do dia refletindo se iam ou não fazer com que Flame agisse igualmente eles teriam de agir, mas acabaram por decidir, obedecendo ao amor que só os pais têm, que, se o pequenino teria de perder alguém, que fossem  eles.

Os dias seguintes a todos os acontecimentos na Terra foram os mais sombrios possíveis. O vilarejo permanecera de luto por longos dias, parecendo não querer esquecer os infortúnios, e a família Long sofria da decisão que viram-se obrigados a tomar. 
O pobre filhote negro foi submetido a um treinamento rígido, tanto mental, quanto físico. Flame, sensibilizado pela frieza repentina dos pais para com seu irmão, aproximou-se cada vez mais de Helike e optou por segui-lo em seus treinamentos físicos, já que os mentais não lhe eram possíveis, tendo em vista que ele era muito bem tratado pelos pais, como se apenas ele fosse filho deles e Helike fosse um estranho no ninho.
Constantemente Helike tinha surtos como o que teve na Terra. Porém seu amor, mesmo que abalado, pelos seus pais era indestrutível. Ainda assim, por vezes lhe fugia do controle todo seu ser, nesses momentos seus pais se viam obrigados a usar a técnica que o ancião lhes ensinara. A técnica era capaz de, sequencialmente, imobilizar o jovem, acalmá-lo, adormecê-lo, e ainda fazê-lo esquecer os últimos acontecimentos.
O jovem dragão era inundado cada vez mais por uma tristeza e desolação avassaladoras, seu irmão quem o diga, já que lhe era o único confidente. Helike citava para ele como se sentia quando o ser dentro de si o controlava, dizia que era uma sensação de poder sem princípios, entretanto, a dor anterior e posterior a dominação era indescritível.
Flame, que agora era tudo para seu irmão, começou a ficar indagado e rancoroso perante a ação de seus pais. Certa noite, enquanto Helike dormia pesadamente, ele saiu do local no qual ele foi forçado a isolar-se e foi até perto de seus pais, pesaroso com a decisão, porém decidido em fazê-la, pelo seu irmão.
‒ Porque vocês estão agindo assim com ele!? ‒ Disse expulsando todo seu rancor naquelas palavras abafadas, já que não poderia berrar para não acordar o irmão. Entretanto, fora o suficiente para despertar os pais alarmados.
‒ Hu? O quê?-- Ah, Flame... Que fazes acordado, querido? ‒ Indagou a mãe, sonolenta, ao ver o jovem vermelho à sua frente.
Mais uma vez o pequeno escarlate disse, com mais fúria, e mais entonação ‒ Porque vocês estão tratando meu irmão desse jeito? O que ele fez de tão mal para vocês o fazerem sentir tanta dor?
Após entreolharem-se, o pai tomou a palavra, com uma expressão pesada e pesarosa ‒ Por falta de opção, Flame...
‒ Como assim? 
‒ Você já deve ter notado os surtos que seu irmão tem, não é? ‒ Disse a mãe.
‒ Sim, sim e ele me disse que eles lhe doem muito!
Ambos foram pegos de surpresa, não imaginavam que a dor transpassasse os limites sentimentais, já que o ancião não tinham lhes dito que isso ocorreria, entretanto, procuraram permanecer indiferentes ao comentário e prosseguir ‒ Ele... bem... Ele é perigoso e se não fizermos isso, ele pode tornar-se ainda mais perigoso.
‒ Mesmo com todo esse treinamento físico que vocês estão submetendo-o? Ele esta ficando muito forte, esses dias eu o vi dando sua primeira baforada e um fogo negro-azulado emanou da sua boca com a potência de uma baforada de um dragão ancião! Como que ele vai ficar menos perigoso assim?
‒ Esse poder não tem relação ao perigo ao qual estamos nos referindo. ‒ Disse o pai que, respirando fundo, prosseguiu. ‒ O Helike é um dragão especial, ele é um lendário dragão negro com ornamentos de cristais. Segundo a lenda, que já se provou fato, todo o dragão como ele tem mais outro ser dentro de si, um ser maléfico e poderoso. 
"Seu irmão pode parecer inocente e pacifico, de fato é, porém, se ele for fraco mentalmente, o ser facilmente o dominara, e sabe-se lá o que poderá fazer. Por isso estamos submetendo-o a este rígido tratamento e, acredite, nos dói tanto quanto nele, a noites sua mãe chora intensamente".
Após ter a afirmação confirmada, com um aceno com a cabeça dela, ele prosseguiu.  ‒ Quanto ao treinamento físico, se ele não tiver forças para resistir a essas dores que você citou, quem sabe o que lhe poderia acontecer? Na verdade, apenas estávamos seguindo o que o ancião nos orientou, apenas agora que citastes sobre as dores é que entendemos o porquê do treinamento físico puxado.
"Entendeu agora, pequenino?"
Com os olhos ensopando em lágrimas, ele retrucou ‒ E porque escondem isso dele?
‒ Para que o treinamento de fato surta efeito com o menor esforço possível. Se ele soubesse que estamos fazendo isso para esta finalidade, ficaria difícil irritá-lo, logo, seria mais sofrível tanto para nós quanto para ele.
"E Flame, antes que esqueçamos, ele não pode saber disso! Entendeu? Se você quiser que seu irmão sofra menos, não lhe conte nada. Acredito que logo cessaremos esse treinamento mental, pois ele já aparenta resistir bem, e voltarmos a ser a família que deveríamos ser."
‒ Eu entendo... ‒ O jovem sentia-se desconsolado em não por não poder fazer nada pelo seu irmão a não ser permanecer ao seu lado, escorando-o. ‒ E... não há outro meio?
‒ Nenhum que não seja perigoso o suficiente para matá-lo. Ele é muito jovem ainda, o ser despertou antes do que se imaginava. Se não conseguirmos fazê-lo controlar perfeitamente a criatura, teremos de prosseguir tentando até que se possa selar-la dentro dele, mas isso só se poderá daqui dois ou três anos.
‒ Hum... entendi... ‒ Disse Flame cabisbaixo.
‒ Mais uma coisa, Flame ‒ Disse a mãe, relutante ‒ Não se afaste de seu irmão, sabemos que você é o único que tem lhe dado forças ultimamente e estamos felizes por estar fazendo isso, portanto, por favor, continue.
‒ Assim o farei.




Because this is me ₢ Helike Long

quarta-feira, 6 de abril de 2011

VI - Uma decisão difícil

Ao retornarem para Drunsgdom, uma grande massa se aglomerava no centro do vilarejo, junto aos anciões, todos aguardavam o retorno da excursão que havia se atrasado muito e todos sabiam que a Terra abrigava certos perigos.
O alivio pairou sobre todos quando uma aura lilás se fez no meio do circulo imaginário que os anciões formavam. Mas este logo se esvai quando a imagem de sete dragões sendo carregados em macas improvisadas torna-se nítida. O pior havia ocorrido.
 Helike já havia acordado quando eles chegaram, apesar de meio tonto ainda. Ele foi, estranhamente, o mais observado. Não era por menos, ele estava com uma aparecia assustadora e não sabia. Todos os pelos de sua crina e costas estavam arrepiados de um modo sombrio e uma energia um tanto negativa ainda emanava do pequeno corpo, contudo, o pequeno se sentia relativamente bem, apesar do baque e do cansaço incomum.
Notando que o clima havia tomado um tom muito macabro para uma recepção, os anciões e mais alguns dragões de elite adiantaram-se em recolher os Longs e demais recém-chegados para um local mais privado, enquanto alguns outros preparavam a cerimônia fúnebre para os falecidos.
‒ O que aconteceu lá? – Questionou um dos anciões, este tinha uma pose soberana, não por menos, ele era o mais influente dentre todos. ‒ Foram os mamíferos sem pelos?
‒ Sim, foram eles ‒ Tomou a palavra um grande dragão de um verde esmeralda ‒, nos pegaram de surpresa e, mesmo tendo reagido, para a surpresa deles, fomos superados em alguns momentos, o que geriu as indesejáveis mortes.
‒ Entendo... E como foi? Como vós os superastes?
O pai de Helike quem falou dessa vez ‒ Não combinamos nada para ser sincero, apenas avançamos, lançando a sorte ao vendo ‒ Disse com um pequeno sorrisinho, que logo foi abafado, já que ninguém acho graça. Então, retornou a seriedade ‒ Fomos derrotando aos poucos conforme os pelotões se aproximavam.
O ancião, então, após assentir, virou-se para Helike, que agora retornava ao normal, porém ainda um tanto alterado ‒ E ti, pequenino, o que lembras? O que aconteceu?
‒ Eu lembro de uma caverna em que nossos pais pediram para ficarmos... ‒ Ele foi interrompido por uma questão do sábio subitamente.
Nós quem?
‒ Eu e Flame. Bem, depois eu persuadir Flame a sair da caverna comigo e irmos à luta junto aos demais. Depois não lembro bem que aconteceu, só que fomos. Depois de um tempo estávamos lutando junto a outros dois dragões. Eu e Flame lutamos quase que sem sair do lugar, mandei um “bicho rosa” longe e Flame foi atingido e desmaiou. Daí os dois dragões avançaram dando chifradas, mas foram derrotados por um dos bichos rosas, mas este era muito peludo. Então ele ameaçou me atacar e eu apaguei, quando acordei uma energia nostalgia corria por todo meu corpo e, de modo sobre natural, eu derrotei todos os bichos, em seguida apaguei novamente. Quando acordei, um sobressalente vinha em minha direção com uma crava, mas eu não conseguia nem me mover para fugir. Ai ele jogou a madeira longe e me abraçou. ‒ Quando Helike parou de falar, todos se entreolharam, alguns murmuraram entre si, o que o deixou um tanto desconfiado.
‒ Hum... ‒ Sobressaiu-se o ancião maior ‒ Posso falar com vocês, em particular ‒ Dirigia-se aos pais de Helike, esses os quais consentiram e seguiram-no.
Helike tentou segui-los, mas logo foi impedido pelo teu pai, que o orientou a ficar ali com os demais e tentar ajudar, principalmente, seu irmão. Mesmo contrario a sua vontade, ele obedeceu e afastou-se.
Já separado do grupo, o ancião disse: ‒ Acho que vocês já devem saber o que eu quero conversar convosco, certo?
‒ Sobre ele.
‒ Exato, imagino que vocês não tenham visto-o enquanto estava controlado pelo ser. Conseguimos apagar essa história, mas se isso voltar a ocorrer, vocês devem estar conscientes de que não poderemos fazer nada.
“Uma sugestão que vos dou e espero que a sigam, é treinar o auto-controle do pequenino. Sei que ele é muito jovem, mas, acreditem, é melhor não esperar para ver o que pode acontecer.”
‒ E como vamos fazer isso?
‒ Provoquem-no. ‒ Disse o ancião vagamente.
‒ O que!?! ‒ Quase berrou a mãe.
‒ Vocês terão de fazê-lo sentir raiva. Só assim aquele “ser” poderá despertar.
‒ Mas e se não conseguimos controlá-lo? E, se fizermos isso, ele pode perder a confiança em nós!
‒ Estaremos prontos para ajudar caso seja necessário e... ‒ após uma breve pausa ‒ Vocês preferem isso ou a vida dele?
O silêncio dos Longs e a cabeça baixa funcionaram como uma resposta à pergunta.
‒ Que podemos encerrar essa discussão por aqui, sugiro que o prepare o quanto antes e não o deixem saber o porquê de estarem agindo assim, senão pode não funcionar.
“Mas...” ‒ Era tudo que o casal conseguia pensar no momento, estavam arrasados com a atitude que teriam de tomar.

Quando três voltaram para junto dos demais dragões, Helike estava ajudando-os com os preparativos pra a honraria aos falecidos e Frame, já acordado, porém ainda um tanto atordoado, estava sentado em um canto orientando-os.
‒ Sugiro compartilharem essa decisão com o pequeno vermelho também.
‒ Mas se fizermos isso Helike vai ficar completamente isolado, sem nem se quer o irmão, o único amigo, para brincar.
‒ É apenas uma sugestão. ‒ Disse o dragão friamente.


Because this is me ₢ Helike Long